sábado

ADS Capítulo 25 - Grisalho Vagabundo

Ela ajeitou minha cabeça no travesseiro, sentou do meu lado com a sopa na mão e pegou uma colherada. Levou até minha boca e depois foi pegar mais uma. Eu tenho que admitir que a sopa era horrível, mas como era ela que estava me dando eu tomava tudo. Depois de um longo tempo de longas colheradas de sopa ruim, acabou. E ela guardou de volta em cima da mesa, pegou meu celular e deitou do meu lado dentro das cobertas com ele na mão. Ela me entregou e disse:
-Está 100%, mas você sabe que dura pouco...
-Eu sei. Obrigada pelo presente, amor.
Ela sorriu fraco, me deu um selinho, fez uma cara de nojo e limpou a própria boca.
-O que foi? Eu beijo tão mal assim?
-Não, bebê. É que essa sopa é horrível, credo!
-Da próxima vez compra uma escova de dentes, e não um celular!
-Então me da aqui que eu vou lá na loja trocar!
-Calma... To brincando gatinha.
Ela encostou a cabeça no meu ombro e me viu ligar aquele troço, que na verdade o mais importante ali era ela. Ela era linda, engraçada, chata, mais linda ainda e tinha um olhar que me deixava tonta todos os dias. Aquilo finalmente ligou, e eu coloquei o horário de acordo com o celular dela enquanto me assustava com a data que também era pra colocar no celular. Depois de colocar fiquei dando uma olhada nele e apaguei a tela, guardei do meu lado e abracei a Demi. Ela largou o celular dela e me abraçou de volta.
-Eu já disse que você é a coisa mais linda do mundo?
-Se disse eu não lembro, mas eu acho que não.
-Então tá... Você é a coisa mais linda do mundo. Eu me senti a pior pessoa do mundo esses meses, porque eu sempre te tratei muito mal, fui metida e chata... Você me desculpa?
-Amor... Apesar de eu não lembrar de nada eu te desculpo, porque pra mim você é a pessoa mais incrível do mundo!
Ela me abraçou mais forte ainda e disse:
-Eu te amo, pra sempre.
-Ei.. E aquele cara.. O Wilmer Valderrama? Você não namorava com ele?
-Você não se lembra mesmo?
Fiz que não com a cabeça e ela bufou. Ela ia responder, mas sem bater na porta, como a enfermeira, entrou um homem grisalho, com um paletó branco até os joelhos e com uma leve mancha de café, típica de um médico de plantão, perto de um bolso que guardava canetas expostas azul, vermelha e uma verde. Usava um óculos levemente quebrado em uma das lentes.
-Olá crianças. -disse ele com a voz rouca. -Você não pode deitar ai querida. Essa cama é da paciente.
-Me desculpa... -ela disse saindo do meu lado e sentando na cadeira que tinha ali.
Eu fiquei com raiva dele por ter falado assim com a Demi, mas como aquilo estava nas regras do hospital eu deixei.
-Tudo bem, garota?
-Sim, a propósito, é (seu nome).
-Escuta, se você está se sentindo bem amanhã mesmo você sai, porque o hospital costuma ser vazio, e eu não gosto de trabalhar, então vê se não quebra mais nada com essa aí, hoje a noite. Eu só vim ver você, mas já estou indo, vocês vão passar a noite sozinhas, aproveitem. -ele disse soltando um olhar vagabundo, cansado, matador e malicioso, enquanto tirava meu soro e a agulha da minha veia brutalmente.
Cruzei os braços pra ele e fiz cara de raiva pra ele. Demi abaixou a cabeça e percebi que ofendeu ela. Ninguém ofende minha gatinha.
-Quem você acha que é? Eu pago esse tratamento e acho bom você tratar eu e minha namorada bem se não eu te coloco na justiça. -eu disse com autoridade.
Ele só riu de canto pra mim e saiu da sala. Ouvi gritos dele com a enfermeira.
-Me espera aqui, bebê.
A Demi só me observou. Me levantei, abri a porta e lá estava ele, despejando sua raiva por mim e pela vida nela. Ela só abaixava a cabeça e assentia todas as merdas que ele dizia pra ela, ele começou a se irritar mais e apertou o braço dela com aquela mão nojenta. Fui até eles e empurrei o médico dizendo:
-Sai, cara! Que isso? Agressão contra mulheres? Vou ter que chamar a policia?
-Isso é entre eu e ela garota! Cuida da sua namorada, não sabia que você era tão pegadora, já dando em cima das enfermeiras? -ele disse rindo e puxando o braço dela de volta.
Empurrei ele novamente e abracei a enfermeira que começou a chorar.
-Calma, eu estou aqui ele não vai fazer nada com você.
-Letícia, sai dos braços dela vem resolver isso!
Demi chegou por trás de mim com lagrimas nos olhos e fez sinal de dúvida. Foi embora em pequenos passinhos corridos. O médico olhou pra mim e sorriu sem mostrar os dentes convencido.
-Você pega um táxi, volta pra casa e eu te vejo por aí, preciso pegar minha roupa e ir atrás dela, e quanto a você se toca, e vai arrumar o que fazer da vida. -eu disse quase chegando no quarto, correndo.
Cheguei lá, sacudi meu cabelo e fiz um coque frouxo. Corri até a bolsa dela, que por sinal ela esqueceu e lá estavam, um moletom da Vans, um tênis preto da adidas e uma calça preta também, rasgada.



Eu me vestia bem rápido, então eu coloquei essa roupa e fui correndo, com aquele gesso no braço e a bolsa dela na outra mão pela rua a procura dela, e ela estava muito depois dali em um banco bem discreto, não sendo notada. Corri, me sentei do lado dela e ela estava meio chorosa, mas eu enxuguei o molhado gelado das lágrimas dela naquele frio forte que estava ali. Suas bochechas e nariz estavam completamente avermelhados e fofos com aquele vento gelado batendo neles. Ela estava sem casaco, morrendo de frio, porque esqueceu a bolsa. Abri a bolsa dela rapidamente, peguei seu casaco, longo e preto, e cobri ela com ele. Ela se ajeitou e abaixou a cabeça. Abracei ela, ainda sem dizer nenhuma palavra. Naquele momento eu pensei: "Poxa, ela é ciumenta, mas não vou deixar isso acabar com a gente..." E me veio a memória do dia do acidente novamente. "Bem rapidamente, como alguns flashs de luz, se passou o momento que eu levantei os braços e me protegi da curva em que eu derrapei e capotei com o carro dela. Mas antes... Algo aconteceu, só não tenho capacidade de lembrar... Só lembro de correr muito... E de uma porta também, com o desenho de uma estrela e um nome "Demetria Lovato". Claro que era o nome dela... Mas não sabia o que acontecia depois, e parecia ser chocante." Eu estava me lembrando de tudo aos poucos, e uma hora eu ia saber tudo que aconteceu. 
-Meu amor, não chora... -eu disse com ela ainda em meus braços.
-Você estava lá, abraçando e defendendo ela, em vez de estar comigo...
-Tudo bem, eu não precisava abraçar... É que.. Esquece... Eu fui defende-la, porque ele ia bater nela, e isso é injustiça, mas eu só enxergo você meu amor. Eu só amo você.
Ela começou a chorar de novo, só que dessa vez, molhando todo o meu moletom.
-Calma, meu bebê... Não chora não... -eu disse apertando ela mais ainda em um abraço. -Nós precisamos conversar na sua casa, ou vamos ser interrompidas...
-Tudo bem, vamos pegar um táxi. 
Levantamos e ficamos esperando um táxi.

(...)

Demi On:

Depois de todo aquele tempo eu nem tinha falado, ligado, ou até mesmo mandado mensagem pro Wilmer, mas eu realmente precisava de um abraço com um certo calor "masculino" naquela hora... Apesar de eu amar mais que tudo a (seu nome) eu sinto falta de um companheiro, até porque eu estou meses na seca... E o abraço dela tem esse calor, mas... É inexplicável...
Eu passava cada dia lá, chorando, conversando e contando coisas que aconteciam comigo pra ela, enquanto ela me respondia com uma batida mais forte do coração, registrada pelo aparelho que dizia se ela estava viva ou não. Eu já estava quase morta ali dentro com ela. Já não aguentava mais, ai ela acordou. Foi a coisa mais boa que eu já senti na minha vida... Fora o dia que ela me pediu em namoro.. O que eu senti naquele dia foi inexplicável, foi incrível, prazeroso, e me deixou mais feliz durante aquela noite.. Apesar de no dia seguinte termos brigado e voltado a se falar em questão de minutos. E depois aconteceu uma coisa comigo também... Nesse mesmo dia. "Eu estava trabalhando e recebi uma ligação do Wilmer. Atendi, porque eu queria gritar com ele e dizer que não quero mais ele na minha vida. Um pouco antes de eu atender, recebi uma mensagem da Hanna, me dizendo que viria acompanhar as gravações no X Factor, pra me ajudar e tal. Voltando a ligação, eu atendi... 
~Retratação da Ligação~
-Wilmer, preciso falar com você.
-Você está morta.
-Olha, você não vai nunca mais poder me xingar, me humilhar, me bater e ser aquele babaca que você era, a (seu nome) sempre vai estar pra me defender e nós vamos te processar, por abuso e por bater em mulheres.
-Você não vai. Eu estrago sua vida, com a quantidade de coisas que eu sei sobre você, nunca mais vai poder sair na rua sem ser chamada de vadia, por qualquer um que te olhar. -ele disse calmamente.
Não pude evitar meu choro, que ele ouviu e começou a rir.
-Acho bom você não me acusar, fora isso eu te deixo em paz, mas se algum policial me olhar estranho, você está morta, querida.
~Fim da Ligação~ 
Eu comecei a chorar e fui direto pro meu camarim, eu tinha que parar, porque as gravações começavam em uma hora. Me sentei no sofá, e chorei mais um pouco. Comecei a olhar minha tatuagem dos pulsos, e passar os dedos em volta delas, pra procurar minhas antigas marcas. E então uma lagrima caiu em cima dos meus antigos cortes e me fez lembrar de um dia em que briguei com a Selena, em 2010. Foi muito ruim, mas tentei balançar minha cabeça e esquecer. Naquele momento, Hanna entrou no meu camarim, correu me abraçou, perguntou o que aconteceu e eu expliquei tudo pra ela. Ela me abraçou novamente e disse que compreendia. Mas ela se aproximou e me deu um selinho demorado, e na mesma hora a porta foi "arrombada" pela (seu nome)..." Depois de me despertar das minhas memórias, com a (seu nome) me chamando porque o táxi chegou, nós entramos no mesmo e (seu nome) me envolveu em seus braços e me deu um beijo na cabeça, como sempre. Pelo menos ela se lembrava da forma como costumava me acariciar, uma coisa que eu achava tão fofa nela...

(Seu Nome) On:

Ela adorava a forma com que eu fazia carinho nela. Ela ficava se embrulhando e se reconfortando em volta da minha blusa, e dos meus braços e sorrindo, sem mostrar os dentes, com os olhos fechados... Como se estivesse sentindo meu cheiro, que já não sentia a meses. Sorri pra ela e comecei a observar minha roupa. Eu me lembro do dia que eu fui na loja e comprei aquele moletom, eu tinha adorado e sentido uma energia estranha que me obrigava a compra-lo. E eu tinha sentido uma conexão desse dia, com hoje. Nós só seguíamos o caminho, e eu ficava conversando sobra várias coisas com ela, como: "O que aconteceu?", "Quando eu te beijei pela primeira vez?"... Ela respondia todas detalhadamente, me fazendo lembrar do que acontecia. Eu já estava ciente de tudo até a parte de irmos pros EUA, ela estava me contando do voo até que o carro chegou. Pagamos e descemos, era uma entrada de um apartamento . Foi aí que percebi que eu fiquei em coma durante o natal e o ano novo e já estavamos no verão de 2014. Naquela hora que caminhamos até a porta daquele prédio, me vinha muitas memórias, como no dia que eu beijei ela pela primeira vez, no dia que fomos pra Brasília, no dia que nós transamos pela primeira vez, quando eu quebrei o pulso, no dia do meu aniversário, e diversas outras memórias.

CONTINUA...

Enfim.. Demorei, pq estou com pouco tempo, porque os estudos estão meio puxados, mas eu já vou começar a escrever o outro hj, então talvez amanhã tenha mais. Não gostei muito do cap... mas ta ai ♥

2 comentários:

  1. Ta muito perfeito
    E Demi não pode esconder as coisas rsrs,que feio
    Sem problemas,poste quando der
    Continua gatinha....

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  2. Vou postar hj mesmo, já até estou acabando, obg princesa ♥

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